quinta-feira, 6 de setembro de 2012

TEMPESTADE ELÉTRICA.

De Curaçao, saímos rumo à Colômbia. Mas, como a esposa, filha e uma amiga do Tedo Westphalen estavam conosco e queriam conhecer Aruba, e como era passagem, os levamos até lá, onde ficamos por cerca de uma semana. Aproveitamos para curtir mais um pouco a ilha.

Olha aí o Tedo, a esposa Tammy, a filha Wendy e a amiga Carolina, na ilha privada do Renaissance Hotel and Marina.
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Na mesma ilha: IMG_20120803_120947

Alugamos um carro para passear pela ilha. Uma noite, fomos para a região dos resorts, onde existem diversos restaurantes e bares e estacionamos o carro num local público. Não nos apercebemos que ali próximo havia um estacionamento pago, e os veículos do estacionamento, quando lotado, eram colocados, também, no local onde estávamos.
Quando buscamos o carro para retornar à marina, andamos alguns metros e um pneu murchou. A troca do pneu deu uma trabalheira, o carro era uma Nissan Frontier antiga e não nos deram nenhuma instrução de como trocar um pneu. Tentamos acionar o serviço de emergência da locadora, mas ninguém atendeu o telefone. Ainda bem que o Tedo já teve um carro similar e lembrou que o estepe era debaixo do carro. Foi uma trabalheira para retirar aquele estepe.

Abaixo, o Tedo e o Eduardo trocando o pneu
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No dia seguinte, mandamos consertar o pneu e, para nossa surpresa e indignação, haviam três cortes na sua banda lateral. Acho que provocamos a raiva do pessoal do estacionamento.

O Tedo, esposa, filha e amiga, retornaram para Curaçao e nós seguimos para a Colômbia.

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Saímos de Aruba dia 7 de agosto, pelo meio-dia, com destino a Santa Marta, na Colômbia. A navegação durou cerca de 44 horas. As primeiras 24 horas foram em mar de almirante e céu de brigadeiro. À noite, antes da lua nascer, haviam tantas estrelas no céu e tão brilhantes, que foi uma contemplação prazerosa. Além do brilho das estrelas, as nebulosas estavam com seus contornos por demais nítidos, perfeitamente visíveis.

O dia seguinte amanheceu radiante, o mar continuava calmo, pouco vento, estávamos fazendo uma das navegações mais tranquilas de toda nossa viagem. À tarde daquele segundo dia começou a ventar mais forte, o mar começou a crescer, as ondas aparentavam uma altura de cerca de 4 metros. Aí começou o desconforto. O barco pendulava muito, era difícil fazer qualquer coisa a bordo.

Anoiteceu e o mar continuava encapelado (ou será encapetado?). Navegávamos a cerca de 20 milhas da costa e começamos a ver raios e relâmpagos no continente. Aqueles raios e relâmpagos foram se aproximando e, quando nos demos conta, estavam sobre nós, num espetáculo de clarões e estrondos. Esta situação durou mais de quatro horas, os raios era constantes, iluminando o mar. Era tanta a claridade que os painéis solares foram acionados. A luz verde que indica que os painéis estão mandando carga para as baterias, acendeu. Alguns raios caíram bem próximos de nós. Por sorte, nenhum nos atingiu. Não tenho a mínima idéia do que aconteceria se um deles nos atingisse.

De repente, desabou um aguaceiro tão forte, que impedia a visão do mar apesar do clarão dos raios. A situação nos deixou apreensivos, com a sensação de perigo muito grande. Devido à enorme quantidade de chuva caindo, nos abrigávamos no interior da cabine do barco, com o alarme do AIS ligado, para denunciar a aproximação de qualquer outra embarcação e o piloto automático ligado. Mesmo assim, seguidamente subíamos para o cockpit para verificar se haviam outras embarcações.

Meu filho Eduardo, que havia adquirido, tempos atrás, uma mochila impermeável, começou a enche-la com alimentos, água, telefone, GPS, enfim, objetos necessários para um eventual abandono da embarcação. Eu, por meu turno, segurei o localizador SPOT próximo de mim.

Numa dessas subidas ao cockpit, vi a luz de uma embarcação bem próximo a nós. A embarcação era grande, parecia ser um barco pesqueiro. Pude vê-la pelo clarão dos raios. Aí foi aquela correria, o Eduardo foi para o leme, desligou o piloto automático e conduziu o veleiro manualmente, tentando desviar daquela embarcação. De repente, o alarme do AIS disparou e verificamos que a embarcação estava a menos de uma milha de distância e vinha em nossa direção. O Eduardo desviou do rumo dela e eu apanhei uma lanterna potente para sinalizar, embora estivéssemos com as luzes do mastro ligadas.
Aí, ouvimos uma chamada pelo rádio. Alguém, falando espanhol dizia: “Amigo, já enxergamos vocês”. Conversamos um pouco, comentando a situação que estávamos vivenciando, nos desejamos boa sorte reciprocamente e cada um seguiu seu caminho.
Chegamos em Santa Marta de manhã, já com  tempo bom e fomos diretamente para a Marina Internacional de Santa Marta, descansar.

Durante todo o tempo em que estamos velejando pelo Caribe, – cerca de dois anos - esta foi a única ocasião que nos deixou, realmente, preocupados. Então, estamos no lucro.

Assim como na vida, no mar também tudo passa. Essa passou e vamos em frente que ainda há muito a conhecer.

Um comentário:

  1. Que perrengue, Comandante! "Alimente" o blog com mais frequência, é sempre bom saber das andanças do Guga Buy e sua tripulação. Bons ventos sempre!

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