segunda-feira, 23 de junho de 2014

CANAL DO PANAMÁ

Bem, amigos, voltamos ao blog após longo período de inatividade.





O Guga Buy ficou por longo período numa marina em Bocas del Toro, no Panamá. Não havíamos decidido se o retorno ao Brasil seria pelo Atlântico, indo até a Europa, ou viríamos pelo Oceano Pacífico. Optamos pelo Pacífico, decorrente do que tivemos que atravessar o Canal do Panamá. 

Mané e Mary, a dona da marina Carenero, onde ficou o Guga Buy.
Em Bocas del Toro embarcou  o amigo Yann Viaud, que nos acompanhou até Manta, no Equador. Grande companheiro. Ficamos lá alguns dias  para limpar o barco e prepara-lo para a viagem. Aproveitamos para mostrar-lhe alguns locais pitorescos, como uma trilha na Isla Bastimento, que liga a Red Frog Marina (onde o Guga Buy ficou anteriormente) a uma praia da ilha.


Trilha em Isla Bastimento.






Outro local pitoresco é a Playa de las Estrellas, assim denominada pela enorme quantidade de estrelas do mar. Muito parecida com nossas praias nordestinas, grande quantidade de coqueiros e vários restaurantes "pé na areia". Num deles, saboreamos uma lagosta, conservada viva num saco no mar.

A praia.

Pedido das estrelas.

Escolhendo a lagosta.

Lagosta escolhida, rumo à panela.

 O Mané, na primeira foto, ao alto, possui um veleiro (Brava) e faz charteres pela região. Trabalhava com ele uma jovem, linda e alta (+-1,90m) holandesa, a Tess, que andava pelo mundo sozinha. Como queria ir para a cidade do Panamá, pegou carona no Guga Buy em Bocas del Toro até Colon, onde iniciaríamos a travessia do Canal do Panamá. Foi sua primeira navegação em mar aberto. A coitadinha mareou demais. Sem comer nada, ficou cerca de 20 horas deitada, paradinha, na posição da foto, no sofá da sala do Guga Buy. Olha ela aí.

 Chegando em Colon ela já estava melhor, até pilotou o Guga Buy. Foi deverasmente agradável ter uma tripulante deste naipe, mesmo que por pouco tempo e a maior parte dele "desmaiada".


 Em Colon, ficamos na Shelter Bay Marina. Muito boa, preço justo, mas distante de tudo. Lá, a Tess desembarcou e embarcaram os amigos Jean Castro e seu filho Gustavo. Que troca, hein??


Em Colon, embarcou também o amigo Luiz Fabiano, que trabalha no Veleiro Axé que está em Bocas del Toro, e nos acompanhou na travessia do canal.

O deslumbramento do cenário estampado na expressão de Fabiano.

Em Shelter Bay encontramos o casal Olivier e Vivien, ele francês, ela malaia, que conhecemos em Trinidad &Tobago. Vivem num veleiro de 45 pés, o Mary Ann, navegando pelo mundo.

Como já disse em outra ocasião, as amizades feitas no mar são inesquecíveis e duradouras. Até pelo fato de que a convivência não é diuturna. Mas, quando estes amigos se encontram, sempre é uma festa.  Não foi diferente desta vez. Todo dia fazíamos happy-hours e, na véspera de sairmos, nos obsequiaram com um jantar oriental, preparado pela Vivien. Olivier, que aprendeu fazer caipirinha com meu filho Eduardo,  fez a própria.

Olivier preparando uma caipirinha, supervisionado pela Vivien.

Jean e Gustavo a bordo do Mary Ann.
 Após o jantar, degustamos um puro, acompanhado de rum guatemalteco envelhecido 15 anos, de ótima qualidade, para celebrar nossa amizade e mais uma despedida.


Dia seguinte, nos dirigimos ao Canal do Panamá.



Para a posteridade.
A tripulação: Gustavo, Jean, Yann, Eduardo, Fabiano e eu.

A travessia do Canal do Panamá criou expectativa, quer pelo fato de poder-se atravessar do atlântico ao pacífico sem contornar o sul do mundo - embora tenhamos atravessado o canal, justamente para faze-lo -, quer pela rica história de sua construção.

Por indicação da Guta, do catamarã  Guruçá Cat, contratamos uma agência que providenciou toda a burocracia, além de ceder-nos os cabos de controle e os pneus, devidamente forrados, para proteção em caso de eventual desvio e choque nas paredes do canal. Foi caro (US$ 1.703,00), mas valeu a pena. Inclusive, providenciaram a papelada junto à imigração  para, após a travessia, sairmos do país.

Ao receber o roteiro que devíamos seguir, verificamos que numa das eclusas (são três)  passaríamos á noite. A princípio, ficamos um pouco aborrecidos, pois pensamos que não haveriam condições para fotografar e filmar a travessia. Mas, como a travessia das outras eclusas seria de dia. ficaria equilibrada a situação. A chateação inicial desfez-se  imediatamente quando chegamos na eclusa. A travessia à noite foi um espetáculo indescritível. 

A coisa funcionou assim: na data marcada, nos foi indicado um local, que chamam de 'flats', onde  aguardamos um "Assessor de trânsito", (funcionário do canal que, na verdade, é um prático), que nos conduziria até a primeira eclusa, a de Gatun.

Assessor à bordo, o Vitor, simpático e que, pacientemente, respondia a todas as nossas perguntas, nos conduziu até a eclusa, antes da qual nos colocou a contrabordo de um  veleiro de 112 pés, o Nephele.
Vitor, o prático.

Vitor explicando a travessia.
Para a travessia, o Nephele, por ser o maior, foi o barco guia, tendo a bombordo um veleiro francês e a boreste o Guga Buy, ambos com 40 pés. É que barcos menores são colocados uns a contrabordo dos outros, para possibilitar a passagem de maior quantidade de embarcações, utilizando a mesma água nas eclusas. Isto é, enche e esvazia uma vez para várias embarcações.

Nephele nos aguardando.
A contrabordo do Nephele, já na eclusa.

A entrada na eclusa de Gatun, já noite, foi impactante.  A forte iluminação dava uma sensação surrealista.



Tripulação do Nephele em atividade, controlando o rumo através dos cabos.


O Eduardo era só alegria.

1ª Comporta da eclusa já cheia. 
Quatro funcionários do canal, dois de cada lado, jogaram bolas amarradas nas pontas de cabos que foram passados ao veleiro Nephele- barco guia -, com as quais mantinham as embarcações no meio do canal.
A eclusa de Gatun possui três comportas. Em cada uma delas esperávamos encher ou esvaziar, para passar para a outra. .

Um dos funcionários, à direita, na borda do canal, controlando as embarcações. Neste momento, eu transmitia, ao vivo, pelo skype, a passagem.



Vitor sempre atento.







Brindando a passagem.


A abertura e fechamento das comportas foi um espetáculo à parte.
Não podia faltar: churrasco na travessia do canal.

Cem anos de canal.

Ultrapassada a eclusa de Gatun, fomos conduzidos até uma boia, no Lago Gatun, onde dormimos. Vitor foi embora e, na manhã seguinte embarcou outro prático que nos conduziu para a travessia do Lago e das demais eclusas.  
Boia onde amarramos o Guga Buy para dormir.

                                                                                      Continua no próximo post...