sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

NAVEGANDO PELO PACIFICO - PERU

 

Já estávamos em águas peruanas quando um helicoptero sobrevoou o Guga Buy, dando voltas e parando no ar, ao nosso lado. Não possuia nenhuma identificação. Ficamos olhando um para o outro, bati uma foto deles, bateram uma foto nossa, acenaram e foram embora. Não tenho a minima idéia de quem eram.

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Entramos numa baía denominada Chimbote, para descansar e tentar comprar combustível. Chamamos pelo rádio a autoridade marítima, esclarecendo o motivo de nossa parada e pedimos quer nos indicasse um local para fundear. O operador do rádio informou que lá era muito perigoso, tínhamos que ter o máximo de cautela. À vista disso, abortamos a ancoragem e seguimos em frente. Não valia a pena ficar toda a noite preocupado. Entretanto, ao entrar na baía, fomos obsequiados com um magnífico por do sol.

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Quando passávamos pela baía de Sechura, paramos para consertar um rasgo na vela grande. Como já havíamos informado a radio costeira de nossa intenção, já fomos abordados por um militar da Capitania local, que fez os procedimentos necessários. Chegou até nós com um bote de um pescador.

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Após os procedimentos, oferecemos aos dois cachaça brasileira (Sagatiba). Beberam dois martelinhos cada um, num gole só. Gostaram. Ficaram longo tempo conversando conosco – depois da cachaça a conversa ficou mais animada – e então ficamos sabendo, dentre outras coisas, que lá extraem fosfato dos morros, e quem o faz é uma empresa brasleira.

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Logo após sairem, recebemos a vista de pelicanos, numerosos  naquela região.

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Chegamos em Callao, próximo a Lima no dia 22 de abril, com forte neblina, visibilidade de menos de 100 metros. Devagarinho, chegamos nas bóias do Iate Clube Peruano, amarramos na primeira bóia disponivel e informamos nossa chegada à autoridade portuária, bem como ao clube, que mandou um funcionário, o qual nos indicou outra bóia que podíamos amarrar.

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Como já expliquei em post anterior, alguns países exigem a contratação de um agente (despachante), para proceder à imigração e outras papeladas. O Peru é um deles. O Iate Clube Peruano, então, mandou até nós um agente. Explicou-nos os procedimentos necessários mas, quando falou em valores, aí o bicho pegou. Disse que teríamos que pagar a importância de US$ 1.300,00, isto mesmo, um mil e trezentos dólares americanos para fazer os procedimento (com valor menor, voariamos do Brasil ao Peru). Explicou que somente o certificado sanitário do barco custaria U$ 700,00. Isso que o Guga Buy é limpinho e não havia ninguém doente. Expliquei que ficaríamos somente uns quatro dias no país. Não mudou nada. Então, desistimos de ficar em Lima.

Mas, necessitávamos de combustível para seguir viagem. Aí a confusão aumentou.Chamei pelo rádio a autoridade portuária que mandou falar com o Comodoro do Clube. A partir daí, as tratativas para o abastecimento foram feitas pelo agente, por telefone. Pelo que depreendi das conversas do agente, o Comodoro não queria vender combustível sem autorização da Capitania. Muito estranho! Percebi que a discussão girava em torno de se podíamos sair do país, sem dar entrada. Ocorre que, pela desistência de permanecer em Lima, pelos abusivos preços cobrados, não ocorreu entrada legal, documental. Não entendi a preocupação. Pareceu-me, também, haver uma discussão sobre quem tem maior autoridade: a capitaia ou a autoridade de tráfego maritimo. E, nessa historia, ficamos como o marisco, entre a onda e a pedra.

Resolvemos continuar a viagem com o combustível que tinhamos, entraríamos no próximo porto para abastecer. Sei que ninguém pode recusar venda de combustível a navegadores, mas não quis polemizar, porque já estava de saco cheio.

O agente que lá estava, que também é velejador, constrangido com a situação e querendo nos ajudar, chamou um amigo seu, marinheiro de um veleiro lá ancorado e pediu para que fosse comprar diesel como se fosse para ele. Lá foi ele, encheu nossas bombonas com 40 galões de combustível. Seguimos viagem.

À noite, o motor do barco falhou. A água não circulava. Fomos verificar, a tubulação que levava água para o filtro  estava cheia de crustáceos, que pareciam camarões ou lagostins. Pela cor, pareciam cozidos. Será que foram cozidos pelo calor do motor?

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Retirados os bichinhos, o motor voltou a refrigerar. Aí fomos observar a água do mar, uma fila de mais de uma milha destes animaizinhos à flor d’água. Nunca havia visto nada igual. E, na mesma coloração dos que entraram pela tubulação. Então não foram cozidos pelo calor do motor.

Com o combustivel adquirido em Lima pelas vias transversas, conseguimos chegar em Paracas, distrito de Pisco, cidade turística do Peru. Entramos na baía à procura de local para abastecimento. Fomos recepcionados por um bando de aves marinhas que seguiam um pesqueiro.

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Fomos chamados pelo rádio por uma pessoa que, além de nos orientar acerca das profundidades no local, nos indicou uma poita para amarrarmos. Aí, vimos a pessoa quer nos chamara, num pier onde havia uma bomba de diesel. Descemos o bote e fomos até ele. Ficamos pasmos. A pessoa que nos orientara, era, nada mais nada menos, do que o gerente de uma sub-séde do…Iate Clube Peruano, aquele que não quis nos vender combustível. Nos recebeu cavalheirescamente, nos provisionou de combustível, de água encanada disponível numa poita, nos alugou a poita que indicara, para passarmos a noite, além do que nos levou, no seu fusca, até a casa de um amigo dele para comprarmos pisco feito artesanalmente. Que o Comodoro do Iate Clube Peruano não saiba disso! Quanta diferença!

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Paracas é uma localidade pequena, muito agradável. Almoçamos no Restaurante El Delfin Dorado e passeamos pelo local.

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Devidamente abastecidos, seguimos viagem. Contornamos o Cerro Dorado e tivemos uma visão fantástica: um candelabro esculpido no morro, pela natureza. Parecia esculpido pelo homem.

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Contornado o morro, o bicho pegou. Vento forte e ondas altas na proa. Foi assim a noite toda. Um saco! Dois dias de navegação, cansados, entramos numa baía para descansar. Informamos à Armada Chilena nossa intenção e nos recomendaram entrar em outra baia, pouco mais adiante, que era mais calma. De fato, a baía de San Juan era muito mais tranquila.

Parecia haver lá uma empresa mineradora, pois havia forte cheiro de fosfato.

Dormimos uma noite e seguimos, saindo da barra com altas ondas e muitos lobos marinhos. Próximo destino: Arica, no Chile.

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